Jorge Santos



Olho para o editor de texto do meu portátil e encaro a página vazia da minha suposta biografia. A custo resisto à ideia de a deixar assim, vazia. Porventura faria mais sentido, porque na realidade tenho a noção de não ter feito nada pelo que mereça a pena verter tinta ou tingir pixéis num qualquer dispositivo eletrónico.

Nasci em 1971, em Santa Comba Dão. Uma semana antes do 25 de Abril vou viver para Braga. O facto de ter permanecido filho único talvez explique o meu gosto por inventar histórias, que usava para passar o tempo em criança. Aos treze anos escrevo o meu primeiro livro, que a vergonha, e o pouco bom senso que me resta, me impede de publicar. Para além disso, escrevo pequenas histórias que começo a mostrar aos outros depois dos meus vinte anos. Escrevo na altura outro livro, de ficção científica, tal como o primeiro, e igualmente mau.

Depois de licenciado em Engenharia de Sistemas sou atropelado pela vida. Vinte anos e dois filhos depois, sinto a necessidade de voltar a dedicar-me à escrita. Faço dois cursos de escrita criativa com Pedro Chagas Freitas, que me cataloga como “engenhoso”; fico por duas vezes em segundo lugar nos Campeonatos de Escrita Criativa; ganho um segundo honroso lugar por um conto de terror num desafio Luso-brasileiro. Em 2012 sou membro fundador da tertúlia de escrita “A Velha Escrita”, que desde então se reúne mensalmente. Publico o meu primeiro romance, Dez, em 2014. Lanço uma coletânea de textos, Fragmentos, em 2015 e em 2017 lanço o meu segundo romance, Gente Aparentemente Normal. 

Igualmente em 2017 é lançado o desafio de escrever um texto sobre a Segunda Invasão Francesa, com outros 4 autores que conheci num grupo de escrita, Suzete Fraga, Ana Paula Barbosa, Manuel Amaro Mendonça e Carlos Arinto. Como não poderia deixar de o fazer, escrevi sobre a Batalha de Braga. Pelo que aprendi sobre esta página esquecida da nossa história, estarei eternamente grato aos mentores da ideia.

Olhando para trás, tudo me parece uma página em branco. Como aquelas que não deixo ficar em branco por muito tempo, antes que uma nova ideia me force a começar a escrever.



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