O meu amor chegou



Era uma tarde de água fresca
E o meu amor voava como as folhas levantadas pelo vento
Numa preguiça que contagia.
O milho amadurecia nos espigueiros
E a minha boca tinha sede de te beber e amar
Foi Junho, foi Dezembro, o ano inteiro
E outros solstícios que a lua beija
E o sol enfeita com louros dourados
Sons de trinados, guitarras, flautas e violinos
Em escondidas lembranças ou realidades experimentadas.
Sou a brisa que abre a tua blusa
Em segredo,
que te despe
E tudo abraça.
 No mar de pétalas que desfolhas
Quando me sorris 
Sou veleiro. 

(afogo-me no mar-chão quando me abandonas)

O meu amor faz hoje anos, e o tempo é apenas um canavial verde
que não morre, nem seca

O cristal tem a transparência da verdade
Auto-retrato!


carlos arinto (heterónimo)



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